quarta-feira, 20 de maio de 2009

A linguagem do coração: Sentimentos e Emoções


"Estamos, por vezes, pouco familiarizados com a linguagem própria do coração, a linguagem dos afectos e das emoções, dos sentimentos que brotam do fundo do ser.

Conhecemos pouco sobre as nossas inteligência e literacia emocionais, como capacidades de identificar e gerir as nossas atitudes e comportamentos, porque nos preocupamos mais com a lógica dos raciocínios rígidos e frios das matemáticas e cálculos, que um mundo dos números e das máquinas parecem precisar.

Quando não estamos atentos e abertos à linguagem do nosso coração, também não estaremos disponíveis para entender a linguagem do coração dos outros. Logo, como poderemos estabelecer laços afectivos fortes e duradouros, promotores de boas relações humanas e intimidade?

Sabemos que a vivência do amor e as relações de intimidade caminham lado a lado, e que muitas são as pessoas que não as conseguem estabelecer. Tudo depende da capacidade de partilha e de entrega que tivermos, fruto do bem-estar que cultivamos e que, por isso, tentamos promover nos outros.

Sabemos, também, que precisamos de sentir uma profunda ligação, uma conexão a algumas pessoas especiais, porque todos temos fome de ternura, mesmo que não o queiramos admitir.

Todos temos sede de amor partilhado, como alimento existencial do dia-a-dia. Todos temos necessidade de ter quem nos escute, nos aceite, nos compreenda e ame, apesar dos nossos limites. Por outro lado, temos a necessidade de aceitar, compreender e amar, porque a Vida é esta permuta de dar e receber contínuos ad eternum, que nos conduzem à plenitude, através desta celebração conjunta em comunhão de partilha. Daí a importância do valor dos pequenos grandes gestos, do sorriso que irradia, da mão que acaricia, do corpo que nos enlaça, da amizade que dá cor e alegria, do amor que nas suas múltiplas nuances, apesar da vida ser difícil, para além da sua inegável beleza.

Neste mundo dilacerado por tantos conflitos de todo o género, precisamos de deixar falar o coração, que possui uma inteligência própria, sui generis, sempre pronto a mostrar a sua sabedoria sobre o caminho a seguir, com muito discernimento e pondo a render todos os nossos talentos.

Só o coração sabe compreender os pequenos nadas encadeados que compõem a nossa vida e que, porque demasiados racionalistas, raras vezes nos apercebemos. Só ele é capaz de aproveitar todas as nossas energias de forma positiva, ao mesmo tempo que é capaz de as partilhar serena e profundamente, se o deixarmos falar sem proibições e sem a lógica que a razão quase sempre impõe. Ele terá muito a falar... a confidenciar, a revelar... a ensinar, proprocionando-nos o autoconhecimento que nos leva à auto-aceitação do eu-real e, por isso, à auto-estima e autoconfiança.

Só o coração permite a aceitação das nossas limitações sem culpabilização, já que somos, e já que nem sempre as coisas correm como gostaríamos, ou achamos que precisaríamos."

Um Sentido para a Vida - Ana Paula Bastos

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