sexta-feira, 8 de maio de 2009

O sonho...


É incrível como procuramos, procuramos e procuramos...
Parece que nunca estamos satisfeitos e andamos numa busca constante...
Parece que o realizar de um sonho conduz-nos a sonhar um pouco mais, a querer mais e a buscar mais...
E quando não encontramos, quando não conseguimos atingir ou realizar o sonho continuamos numa busca incessante, com momentos de algum desalento... outros de uma paz e paciência inexplicáveis!
Neste momento, no meio de uma busca sinto que nada busco, apesar de buscar... porque na busca, há momentos onde devemos parar e pensar para depois poder seguir... Há momentos onde temos de olhar o trilho seguido e a seguir... Há momentos em que temos de avaliar aquilo que fizemos, aquilo que somos e projectar o que há-de vir ou o que seguir!
Por isso... sonho, procuro e busco... sempre!
E por isso, hoje a minha música é...

Pedra Filosofal
Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
mem bebedeiras de azul.

Eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.
Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é Cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.

Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida.
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.
António Gedeão

2 comentários:

  1. Esse poema é algo que não se explica com palavras...

    Beijinhos

    ResponderEliminar
  2. Há momentos/pensamentos/sentimentos inexplicáveis, onde só as sensações fazem sentido e nos preenchem... Quando algo é belo e profundo, não se encontram definições.
    Mas o facto é que, ainda que não suficientes, podemos tentar exprimir algo... pois também existem momentos em que vale a pena expressarmo-nos. Ainda que nao seja suficiente para demonstrar a profundidade, permite-nos demonstrar que é especial... ;)
    Beijo

    ResponderEliminar